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O Brasil está em uma posição privilegiada para descarbonizar sua matriz elétrica. Já é conhecido que cerca de 85% da geração é renovável com custo competitivo. E além disso, há infraestrutura de transmissão para melhor aproveitamento do efeito portfolio das fontes intermitentes associado a UHEs e futuramente as hidrelétricas reversíveis que atuam como baterias. Outro caminho é a biomassa que possui potencial de auxiliar nas atividades de difícil mudança de perfil. Faltava um outro pilar, a posição das empresas nesse processo de transição energética, se realmente estão envolvidos com essa mudança.

Em sua edição mais recente, a consultoria PSR trouxe uma prévia dos resultados de um estudo feito em colaboração com o CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável) com o estabelecimento de um roadmap tratando do tema. E a conclusão é a de que o setor empresarial está se preparando para colocar em prática as ações nesse caminho da transição. O resultado completo será divulgado no final deste mês.

O estudo, indicou a PSR, foi feito a partir de uma série de 22 entrevistas com associadas ao Conselho. Esse roadmap, explicou a consultoria, apresenta uma seleção de opções de descarbonização de atividades relativas ao setor energético brasileiro.

“São detalhadas tecnologias promissoras com atuação transversal para redução das emissões, assim como soluções customizadas àquelas atividades com difícil abatimento de emissões. Avalia ainda vantagens comparativas do Brasil e oportunidades de novos negócios perseguidas pelas empresas que estejam alinhadas à agenda climática”, explica a consultoria na publicação mensal, lembrando que quando necessário, indica as principais barreiras e desafios a serem superados pelas organizações.

Nesse sentido, o estudo reuniu tecnologias e soluções que prometem ser promissoras por conciliarem redução de emissões com oportunidade de negócios. Entre as soluções consagradas estão elencadas a contratação ou investimento em produção de energia dedicada ao mercado livre por meio de fontes renováveis ou autoprodução de energia com a emissão de certificados de energia renovável. O efeito portfólio que o sistema elétrico brasileiro proporciona com o SIN e a presença de ‘baterias de água’, representada pelas UHEs que somam cerca de 110 GW de potência instalada atualmente. Cita ainda a perspectiva de eficiência energética a ser alcançada no país e a resposta de demanda com uma futura alteração do marco legal do país.

Em outro ponto há também as soluções que ‘estão entrando em campo’. Entre elas a PSR aponta a vocação nacional para o uso da biomassa ou biogás de diversas fontes para a produção de eletricidade ou calor para a indústria. E ainda, combustíveis, entre eles o etanol, e no futuro hidrogênio e outros “combustíveis avançados”, como o biometano. A meta, a substituição do uso de hidrocarbonetos em atividades de diversos setores industriais no país e de serviços como transportes que são de difícil eletrificação.

Há ainda aquelas soluções candidatas ao processo de transição energética com destaque para ações que começam a estudar a Captura e Armazenamento de Carbono e suas possibilidades. Entre elas, em UTEs, a PSR indica que o chamado “Allam cycle” facilita a captura e é competitivo com as usinas atuais que não realizam essa atividade.

E, claro, destaca a consultoria, o H2 de baixo carbono ganha um capítulo especial. A PSR lembra que o país poderá ser exportador de produtos demandados em todo o mundo e do energético propriamente dito com a sua capacidade de produção de energia renovável. Além disso, elenca que o país pode também descarbonizar setores da economia a partir da eletrificação direta das atividades como na indústria e nos transportes. Diante das perspectivas a PSR alerta que “é importante o Brasil estar preparado para uma expansão da oferta renovável em escala inédita para que a oportunidade que se apresenta de ‘protagonismo energético’ não seja frustrada.”

A PSR aponta que realizou estudo sobre os custos do H2 Verde no Brasil em dois modelos de contratação. Um a partir de PPAs no ACL e outro de autoprodução offgrid a partir de um parque híbrido nas fontes eólica e solar. Sendo no primeiro caso classificado como ‘muito competitivo’ por conta da combinação entre as diferentes fontes para que o eletrolisador pudesse operar continuamente, já no segundo em menor escala de competitividade comparado ao Chile e Emirados Árabes.

Apesar das vantagens que o Brasil possui, diz a PSR, em muitos casos o país precisará ainda desenhar a regulação e mecanismos para viabilizar o início desse mercado.